“(...) E aquelas pessoas em Kilowaia, Havaí, que constroem suas casas ao lado de um vulcão ativo e aí se perguntam por que tem lava na sala de estar.”
-George Carlin-
Na última sexta-feira (11/03/11), o mundo presenciou o 7º terremoto mais forte da história da humanidade e o pior tsunami da história do Japão. Esses grandes desastres naturais sempre me deixam com essa sensação de que alguma coisa está errada. Não falo apenas de terremotos, como os do Chile e do Haiti, mas também das chuvas, como no Rio de Janeiro, ou furacões como nos Estados Unidos, ou mesmo vulcões, como no Havaí, Japão e Islândia. Essas catástrofes nos mostram apenas o quão frágeis nós seres humanos podemos ser. Coisas assim nos tiram do pedestal em que costumamos nos enxergar, nos tiram do topo da cadeia alimentar e nos jogam debaixo de um monte de escombros. Mas nós, crédulos que somos, acabamos por culpar a Natureza, ou Deus, ou qualquer outro ser mais poderoso, real ou não, e nos esquecemos que fomos nós que nos colocamos em apuros.
Nós pensamos que somos capazes de viver em qualquer lugar do planeta e, em nossas maiores provas de arrogância, construímos muros e diques para segurar a água, prédios com sistemas amortecedores anti-terremotos, criamos lagos, secamos pântanos, retificamos rios e enterramos os córregos, tudo isso para “controlar” a natureza e submetê-la a nossas vontades. Em nossa soberba, fazemos da natureza nossa inimiga, quando esta deveria ser nossa aliada. Tiramos à força o que ela seria capaz de nos dar de bom grado.
Não foi assim por tanto tempo? Não vivemos harmoniosamente por milhares de anos? Não digo que devemos voltar a ser nômades, mas o planeta é muito maior do que toda a humanidade, a natureza é maior, e se é assim, como nós conseguimos causar tanto estrago? É como se fossemos um único formigueiro, capaz de pôr abaixo toda uma cidade, a ponto de não conseguirmos mais sobreviver nela. Nós nos gabamos de ser a única espécie capaz de raciocinar, e mesmo assim somos os seres vivos mais ignorantes da face da Terra, somos os únicos tolos o suficiente para destruir o próprio habitat.
Mas o que mais me intriga em toda essa história de humanos versus natureza, são os ambientalistas nos dizendo o que fazer para “salvar o planeta”. Nós não sabemos cuidar de nós mesmos, como podemos salvar o planeta! (mais uma do George Carlin). Na verdade, o planeta já passou por coisas muito piores que a humanidade e deve superar mais esse probleminha, aliás, se há alguém precisando ser salvo é o Homo sapiens. A natureza pode se recuperar facilmente, já fez isso antes dezenas de vezes. Nós, porém, se não mudarmos de atitude rapidamente, seremos sumariamente eliminados, como são todas as espécies incapazes de sobreviver em seu habitat. Seremos apenas mais um na enorme lista de seres extintos, só mais um beco sem saída evolutivo.
No entanto, nós ainda temos uma saída. Basta descer do nosso pedestal e passar a trabalhar junto com a natureza. As soluções existem. Fontes de energia renováveis, carros elétricos, cultivo inteligente, agricultura orgânica, “green building”... Tudo isso está ao nosso alcance. Basta repensar nossa posição, reprojetar nosso modo de vida e refazer nossas atitudes, afim de uma existência pacífica e harmoniosa.
P.S.: Acho que eu vou fazer de “Algo está errado...” um meme periódico, escrevendo sempre que perceber algum problema.